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COLUNA - JOSIVAL PEREIRA

Candidatura de João ao Senado não é mais dele

Por Josival Pereira Publicado em
Joao Azevedo
João Azevêdo, Governador da Paraíba (Foto: Reprodução/Governo da Paraíba)

Começa a se evidenciar agora, claramente, e em nível nacional, uma situação que já desenhávamos aqui em dezembro de 2024 (29/12/2024) no texto com o título “Planos nacionais tornam candidatura de João ao Senado imprescindível”.

O apelo público do presidente Lula dirigido ao governador João Azevedo, no XVI Congresso do PSB, neste fim de semana, em Brasília, em defesa candidatura ao Senado confirma nossa avaliação. Já adiantávamos, no final do ano ado, que o risco de perda da maioria no Senado para a direita bolsonarista iria obrigar o presidente Lula a se envolver mais decisivamente na eleição para o Senado. O perigo de intervenção no STF e de desestabilização do governo fariam Lula, da mesma forma que Bolsonaro faz, mobilizar os melhores quadros país afora para disputar cadeiras de senador.

Assim, nossa avaliação, externada naquele momento, era que a candidatura de João Azevedo ao Senado estava acima das querelas e interesses locais. Na verdade, já ali, a candidatura de João não era mais dele. Lula tornou cristalina essa visão de um extrato da realidade da disputa eleitoral que se avizinha em seu discurso no congresso do PSB.

Mas o problema em jogo não é somente esse. Há uma outra questão, além dos muros da Paraíba, que impulsiona a candidatura do governador João Azevedo (assunto também abordado em nosso comentário de dezembro de 2024). Todos os quatro senadores da bancada do PSB (Chico Rodrigues, Cid Gomes, Flávio Arns e Jorge Kajuru) têm seus mandatos expirando no início de 2027. Não será fácil conquistar uma bancada do mesmo tamanho nas urnas. Se a quiser manter ou ampliar, o PSB terá que lançar candidatos com reais condições de vitória. Um desses possíveis candidatos é o governador João Azevedo.

Por mais essa razão, a candidatura de João ao Senado não é mais somente dele. É de Lula e é também do PSB.

Lógico que existem também questões políticas locais que empurram o governador para a candidatura ao Senado. Há tradição de candidaturas de governadores ao Senado, além do interesse das diversas forças políticas emergentes em assumir o comando do Poder no Estado.

Na esfera mais íntima, conhecendo-se o que se conhece do governador, é possível dispor que, não sendo adepto de virada de mesa de última hora nas articulações políticas nem uma pessoa com excesso de apego ao poder, o governador João Azevedo não ambicione manter o total controle do poder estadual. Sabe João, como ninguém, que fora do governo, o poder tem outro peso. Na política, o melhor talvez seja o poder solidário.

Ainda no compartimento do foro íntimo, em que pese ser espaço inível, não é possível que não e pela cabeça do governador que a vida esteja lhe oferecendo nova oportunidade de serviço público, agora no plano nacional, ou esteja proporcionando uma chance ascensão pessoal, ou que, o mandato de senador, possa ser o prêmio merecido por tantos anos dedicados ao serviço público, uma espécie de quase confortável aposentadoria.

Além de tudo isso, registre-se que a candidatura de João Azevedo recebe irrefreável estímulo das pesquisas de intenção de voto. Como ignorar uma realidade eleitoral tão promissora ou trocar tudo em sacrifício de um projeto de poder pessoal ou de um grupo de pressão? Difícil desprezar realidade tão nítida e oportunidade tão larga.

Eis, pois, o quadro e as forças que impulsionam a candidatura do governador João Azevedo ao Senado e a tornam praticamente irreversível. O quadro amplamente favorável não implica, porém , que João assuma imediatamente a postura de candidato. É preciso respeitar as conveniências do governo e construir uma transição de absoluta confiança para ele e para a Paraíba.


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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.