Pesquisa da UFPB desenvolve “argamassa inteligente” com tecnologia de monitoramento estrutural
A "argamassa inteligente" tem propriedades piezoresistivas, capazes de responder a deformações por meio da variação de resistência elétrica

Uma pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental (PPGECAM) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolve um material inovador, com potencial para contribuir na conservação de prédios históricos, utilizando insumos disponíveis na região Nordeste. A engenheira Héllykan Berliet dos Santos Monteiro criou uma "argamassa inteligente" com propriedades piezoresistivas, capazes de responder a deformações por meio da variação de resistência elétrica, permitindo o automonitoramento das construções.
Héllykan explica que existe um grande número de estudos sobre materiais à base de cimento, porém o uso desse material não é apropriado para edifícios antigos. “O diferencial de nossa pesquisa está no uso da cal hidratada, mais compatível com edificações antigas, e do metacaulim de origem local, com características particulares que influenciam o desempenho da argamassa”, ponderou. Ainda segundo a engenheira, esse material evita o uso de componentes agressivos, respeitando a integridade das construções históricas.
Durante a definição do tema de sua pesquisa de doutorado, a pesquisadora identificou a presença de edificações históricas em João Pessoa e em cidades do interior da Paraíba que demandam manutenção. A observação levou a pensar em propostas de intervenções que utilizem materiais compatíveis com as construções, preservando suas características estruturais e funcionais. “Como sempre gostei muito da área de estruturas, resolvi conectar essa afinidade com a necessidade de desenvolver soluções adequadas para o patrimônio local, contribuindo para a preservação dessas construções tão importantes para a nossa cultura e história”, disse.
O material desenvolvido ainda se encontra em fase inicial de estudo, exigindo a realização de testes adicionais e validações em ambientes reais antes de sua eventual aplicação comercial ou uso por empresas.
“O potencial é grande, mas ainda há etapas importantes de desenvolvimento e certificação pela frente”, ressaltou Héllykan. Um dos potenciais está na proposição de uma solução sustentável e tecnológica para a conservação de estruturas históricas. “Isso pode orientar políticas públicas voltadas para a preservação do patrimônio, incentivando o uso de materiais mais adequados e promovendo práticas de manutenção preventiva, evitando perdas históricas e custos elevados com restaurações emergenciais”, acrescentou.